Uma frente com o objetivo de discutir as convergências entre a temática ambiental e temas afetos às questões de soberania nacional organizada por meio de fóruns de debates desde 2018 ganhou força recente com a criação do Centro de Soberania e Clima. Os encontros e discussões iniciais entre o ex-diretor do Greenpeace, Marcelo Furtado, e da presidente do Instituto Clima, Ana Toni, com o ex-ministro da Defesa e diretor do IBRIC, Raul Jungmann ganharam corpo em 2020, quando ainda por meio do Instituto para Reforma das Relações entre Estado e Empresa (IREE), realizaram-se 20 seminários com 50 convidados das comunidades militar, de estudiosos de questões de segurança e da área ambiental. Furtado e Jungmann convidaram o general e ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) do governo Michel Temer e diretor presidente do IBRIC, Sérgio Etchegoyen, para formalizar um centro voltado à promoção de seminários, pesquisas e publicações nos temas de soberania, segurança nacional e proteção ambiental. Apoiaram a formação do centro quatro instituições (Clima e Sociedade, Semeia, Humanize e “National Endowment for Democracy”) e três financiadores, Arminio Fraga, Neca Setúbal e Teresa Bracher.
A soberania na Amazônia é um dos temas centrais nos debates, pois é vista sob diferentes perspectivas, às vezes convergentes, outras vezes de formas distintas ou até mesmo opostas. Os debates ganharam relevância especial tendo em vista que a região vem passando por sucessivos aumentos das taxas de desmatamento, sendo ao mesmo tempo palco de avanço do garimpo e de extração ilegal de madeira, do tráfico de drogas e de biopirataria, desafiando a governança global do clima. Dentre os fatores e dificuldades para conter as infrações estão as diferentes abordagens de oito países que abrigam a região e que dizem respeito à diversidade do número, das atribuições e da capacitação de instituições de repressão e controle que, dentro de seus territórios, são enfraquecidas pelo desaparelhamento e pela cooptação pelo crime.
A iniciativa do Centro cria um espaço de convergência em que militares com o dever constitucional de zelar pela soberania reconhecem que a mudança climática embute sim ameaças à soberania, e os ambientalistas, por outro lado, também reconhecem a importância de áreas de intersecção em programas de ação com os militares, prevendo cooperação pacífica para pesquisa.
Leia a matéria na íntegra no Valor Econômico:
https://valor.globo.com/brasil/noticia/2022/07/25/ambientalistas-e-militares-tentam-aproximar-visoes-de-soberania-e-clima.ghtml